Artigo de opinião “GOLOS E ARTTE”
ricardomonsanto1.@gmail.comApós assistir às vitórias do Sporting de Braga e F. C. Porto ficamos todos na expectativa do grande jogo de terça-feira, onde um Sporting mais moralizado que à uns tempos atrás, vai tentar bater um Benfica que acabou por ser goleado em Anfield Road pelo Liverpool, um derby histórico que com o Braga a três pontos dos homens de Jorge Jesus aguça por completo o campeonato.
Jorge Jesus que agora é o treinador da moda, passados 24 anos de carreira chegou ao topo e está a apresentar resultados, por isso arrisco a que este artigo para o futebolportugal.com seja o mais criticado de sempre, mas a coragem e frontalidade que sempre regeram a minha escrita vão continuar e como tal irei constatar factos verdadeiros e completamente indesmentíveis.
Gostava de frisar que obviamente da mesma maneira que 99% dos portugueses pensam que Jorge Jesus está a fazer um excelente trabalho no Benfica com jogadores como Saviola, Ramires, Javi Garcia, entre muitos outros, também eu penso que esse trabalho tem mérito indiscutível e valorizado pelos resultados incontestados que tem conseguido no campeonato português.
Por isso e abordando o assunto da moda futebolística, o homem do momento é Jorge Jesus, não podemos deixar de verificar que estamos a falar do mesmo técnico que em 1993 foi despedido do Amora na Liga de Honra, que em 1996 desceu o Felgueiras à Liga de Honra e em 1997 foi despedido do mesmo e em 1998 foi novamente despedido na Liga de Honra desta vez ao serviço do União da Madeira, que em 2001 foi despedido do Setúbal, que em 2003 foi despedido do Estrela da Amadora ou que em 2005 desceu o Moreirense à Liga de Honra.
Estamos a falar do mesmo técnico que tem um discurso algo rude mas que os jogadores entendem, que em tempos abordando a naturalização do brasileiro Verona ao serviço do Estrela da Amadora disse que “Estamos a tratar da neutralização do Verona, mas isso é uma questão do forno interno do clube.” Do mesmo técnico que ainda na Amadora antes de defrontar um dos grandes do futebol português disse alto e bom som para alguns dos seus jogadores “Vocês os três… façam um quadrado.” Foi também na Reboleira em plena conferência de imprensa que Jorge Jesus disse para as câmaras de televisão “Quero aproveitar para dedicar esta vitória a todos os motocards da Amadora que vieram até aqui.”
Mais tarde já numa fase ascendente da sua carreira ao serviço do Belenenses após derrota num amigável contra o Real Madrid denotando falta de apetência pela matemática referiu em relação ao técnico adversário que “Com os jogadores dele dava-lhes três, mudava aos 5 e acabava aos 10.” Também ao serviço da formação do Restelo referiu aos jornalistas que “Os jogadores que vão começar de início são os que estiveram a treinar com coletes efervescentes.”
Já mais recentemente ao serviço do Sporting de Braga, equipa onde só esteve um ano e ficou em 6ºLugar atrás do Nacional da Madeira do Professor Manuel Machado, mas do qual se apelida pai num claro desrespeito com o nosso colega de profissão Domingos Paciência que está imagine-se com quase os mesmo jogadores em 2º classificado, após defrontar o Standard de Liége referiu que “O Santander não foi um adversário fácil.” E já esta época ao serviço do Benfica revelando dificuldades de geografia referiu-se a um adversário da Liga Europa da seguinte maneira “O BATE Borisov tem as características normais daqueles países de leste europeu. Aliás, já não é de leste, agora é a Bielorrússia.”
Isto só para citar as “gaffes” mais conhecidas e até admitidas no livro que Rui Pedro Braz escreveu sobre o próprio Jorge Jesus.
Estamos a falar de um técnico que tinha tudo para dar errado no Benfica e afinal dá certo e o futebol é isto mesmo, o Benfica sempre teve mais sucesso com treinadores estrangeiros, Jorge Jesus nos 23 anos de carreira antecedentes ao Benfica somou zero títulos, com um trajecto como jogador que teve a única marca de registo numa época no Sporting onde pouco jogou, e que se diz um grande amigo do presidente rival Jorge Nuno Pinto da Costa.
Não quero com isto dizer que Jorge Jesus é um mau treinador, pelo contrário, está a fazer um trabalho dedicado, profissional, assumindo uma frontalidade muito própria, recuperando inclusive a imagem da velha guarda dos técnicos portugueses. Aproveitando a onda vermelha que se criou à volta de uma equipa quase galáctica dentro da dimensão do futebol português com vencimentos que chegam a ser duas e três vezes maiores que os dos principais rivais.
Estou apenas a referir que como a sociedade também o futebol se rege por modas e Jorge Jesus está inevitavelmente na moda, mas que como o colega de profissão que vai defrontar, o Prof. Carlos Carvalhal (Pegou no Sporting em 8º e está actualmente em 4º, até já conquistou uma Taça da Liga pelo Setúbal), também já teve os seus momentos difíceis e de contestação.
No entanto a chegada ao Benfica aos 56 anos acaba não só por ser um prémio pela última época que fez no Braga, ou as duas anteriores no Belenenses, mas também um prémio de carreira para alguém que dedicou uma vida ao futebol e que tem agora a oportunidade de trabalhar em patamares que lhe permitem ganhar títulos.
O bom trabalho de Jorge Jesus à frente do Benfica é a prova que os grandes Homens não são aqueles que nunca caem, mas sim aqueles que se levantam sempre!
Jorge Jesus levantou-se sempre e com isso ganhou experiência de vida que perto de ser sexagenário lhe permitiu após algumas derrotas entre batalhas estar prestes a vencer a “sua” guerra. Por todos estes factos os meus mais grandiosos parabéns a Jorge Jesus!